O Cysteamine surgiu como possibilidade terapêutica em meados de 2018 como uma das novidades mais promissoras no tratamento do melasma dos últimos tempos, na verdade eram poucos trabalhos científicos que relatavam seu uso, mas a qualidade dos resultados animaram a comunidade médica científica, e apenas nesse ano de 2020, outros seis trabalhos científicos foram publicados, nos permitindo ter mais conhecimento e experiência no manejo do uso do Cysteamine para o tratamento de melanoses.
Dois desses estudos (LIMA et al., 2020, NGUYEN et al., 2020) compararam a utilização de cysteamine a 5% por 15 minutos entre 3 a 4 meses, versus o grupo que utilizou pelo mesmo período Hidroquinona a 4% deixando a noite toda. Ambos os estudos mostraram que a Cysteamine é eficaz, mas com resultados ligeiramente inferiores a estudos prévios e ainda pouco inferiorcomparado a resposta a Hidroquinona, porém um dos pacientes que apresentava resistência ao tratamento com a formulação de Kligman, obteve boa resposta terapêutica com Cysteamine. Em ambos os grupos houve sensibilização cutânea e sintomas como eritema e prurido foram superiores no grupo que utilizou Cysteamine.
Maryam Karrabi e colaboradores (2020) compararam a eficácia do tratamento do Cystemine 5% por 4 meses com exposição de 30 minutos (superior aos estudos anteriores em 2020) com intradermoterapia utilizando Ácido tranexâmico, aplicada a cada quatro semanas por dois meses. Ambos os grupos obtiveram boa resposta ao tratamento e não houve diferença estatística entre os grupos, sendo que o grupo que recebeu o tratamento com Ácido tranexâmico apresentou mais efeitos adversos quando comparado ao grupo que utilizou Cysteamine. Esse mesmo grupo de pesquisadores (KARRABI et al., 2020) publicaram um outro estudo cientifico bem delineado, randomizado, duplo cego e controlado por placebo, onde se comparou a utilização pelo período de quatro meses de Cysteamine 5% por 15 minutos diários (Grupo 1) com a formulação de Kligman modificada usada pela noite toda (corticóide de escolha foi Betametasona- Grupo 2). Os resultados evidenciaram uma redução maior no índice MASI nos pacientes do grupo 1– Cystemine (9% menor que o grupo 2, resultado estatisticamente relevante), além disso, a formulação contendo Cysteamine demonstrou ser melhor tolerada quando comparada a utilizada pelos pacientes do grupo B (Kligman modificado).
Um grupo de pesquisadores da Florida, fizeram relato de três casos de pacientes com fototipo alto resistentes a Hidroquinona, que utilizaram a combinação diária de Cysteamine 5% com Niacinamida a 5%, (exposição 15 minutos), somado ao tratamento mensal com Laser Nd:YAG 650 Microsecond- 1064nm (Acrolaser 650-Microsecond 1064nm), o único indicado para fototipos altos por gerar pouco calor (fato agravante para pacientes com melasma). Apesar do pequeno número de participantes, o resultado obtido nesse estudo demonstrou que esta pode ser uma boa opção para pacientes com fototipo alto resistentes a hidroquinona (JOHNSON et al., 2020).
Em setembro deste mesmo ano no Journal of Cosmetic Dermatology foi publicado mais um relato de caso que corroborou os dados anteriores. Um paciente fototipo V com hiperpigmentação pós inflamatória refratária a formulação de Kligman, demonstrou boa resposta ao tratamento com Cysteamine apresentando redução significativa no índice MASI (MATHE et al., 2020).
Finalizamos este ano com novas referências e e muito mais experiência na aplicação do Cysteamine como importante ferramenta terapêutica no tratamento do melasma, mostrando ser uma importante opção para fotos tipos altos e refratários aos tratamento convencionais.
Karina Soeiro
Referência Bibliográfica:
Karrabi M, Mansournia MA, Sharestanaki E, Abdollahnejad Y, Sahebkar M. Clinical evaluation of efficacy and tolerability of cysteamine 5% cream in comparison with tranexamic acid mesotherapy in subjects with melasma: a single-blind, randomized clinical trial study. Arch Dermatol Res. 2020 Sep 2. doi: 10.1007/s00403-020-02133-7. Epub ahead of print. PMID: 32879998.
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Lima, Paula & Dias, Joana & Cassiano, Daniel & Espósito, Ana Cláudia & Bagatin, Ediléia & Miot, Luciane & Miot, Helio. (2020). A comparative study of topical 5% cysteamine versus 4% hydroquinone in the treatment of facial melasma in women. International Journal of Dermatology. 59. 10.1111/ijd.15146.
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Nguyen J, Remyn L, Chung IY, Honigman A, Gourani-Tehrani S, Wutami I, Wong C, Paul E, Rodrigues M. Evaluation of the efficacy of cysteamine cream compared to hydroquinone in the treatment of melasma: A randomised, double-blinded trial. Australas J Dermatol. 2020 Sep 27. doi: 10.1111/ajd.13432. Epub ahead of print. PMID: 32981068.
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Karrabi M, David J, Sahebkar M. Clinical evaluation of efficacy, safety and tolerability of cysteamine 5% cream in comparison with modified Kligman’s formula in subjects with epidermal melasma: A randomized, double-blind clinical trial study. Skin Res Technol. 2020 Jun 25. doi: 10.1111/srt.12901. Epub ahead of print. PMID: 32585079.
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Johnson B, Marrone S, Om A. Novel Combination of a 650-Microsecond Neodymium-doped Yttrium Aluminium Garnet 1,064-nm Laser and Cysteamine Cream for the Treatment of Melasma: A Case Study. J Clin Aesthet Dermatol. 2020 Mar;13(3):28-30. Epub 2020 Mar 1. PMID: 32308794; PMCID: PMC7159306.
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Mathe, Nomathamsanqa & Balogun, Mariam & Yoo, Jinah. (2020). A case report on the use of topical cysteamine 5% cream in the management of refractory postinflammatory hyperpigmentation (PIH) resistant to triple combination cream (hydroquinone, topical corticosteroids, and retinoids). Journal of Cosmetic Dermatology. 10.1111/jocd.13755.
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