Syndet Cosmecêuticos

Syndet

Syndets cosmecêuticos e medicamentosos magistrais: um desenvolvimento nosso com muito orgulho

A nossa CEO, a farmacêutica Karina Soeiro, trouxe para o mercado farmacêutico brasileiro a possibilidade de veicular insumos ácidos – E ESTES PERMANECEREM NA SUA FORMA ÁCIDA- em sabonetes em barra.

Sabonete em Barra: Um problema e uma solução

Pesquisas mostram que o sabonete em barra é uma preferência de 8 entre 10 brasileiros. As barras de higienização são práticas e atendem a crescente demanda de cosméticos e produtos de higiene mais sustentáveis quando comparado com sua versão líquida.

O processo de saponificação utilizado na fabricação de sabonetes de higiene e tratamento, ocorre através da reação química entre um álcali (geralmente o hidróxido de sódio) e uma gordura (que pode ser de origem vegetal), resultando na formação de sabão mais glicerina. Este processo só ocorre com a presença de uma base forte, portanto necessariamente o produto final tem sempre um pH bastante alto, entre 9 a 11, o que limita a sua indicação principalmente em duas situações: quando se pretende veicular uma substância ácida ou em doenças dermatológicas.

Muitas marcas adicionam ácidos como por exemplo o glicólico e o salicílico na composição dos seus sabonetes e utilizam esse fato para divulgação de seus produtos mas de fato, não há mais nenhum ácido na sua composição. Como por exemplo, o ácido glicólico, quando inserido em um meio alcalino como um sabonete fabricado pelo processo de saponificação, ele se torna um sal, o glicolato de sódio. E o ácido salicílico em salicilato de sódio, e assim por diante. Para que um ácido seja adicionado em uma barra de limpeza e ele permaneça na sua forma ácida, a forma fármaco/cosmecêutica em questão, tem que ser compatível com pHs baixos, é aí que entram os syndets.

Syndets

Syndet em inglês significa syntetic detergente e foi descrito a primeira vez em 1950 por O. B. Falco.

Os syndets, assim como os sabonetes líquidos, são formulados utilizando tensoativos sintéticos que são compatíveis com pH mais baixos. Portanto, se a intenção do tratamento for veicular ácido em uma barra de limpeza, a escolha correta sempre será um syndet, e nunca em sabonete saponificado.

O tensoativo mais utilizado na produção dos syndets são da classe dos isetionatos, que são os mais suaves das classes dos anionicos.

Tensoativo x sensibilização cutânea

Tanto os syndets como as barras saponificadas e os sabonetes, líquidos possuem tensoativos aniônicos (com cargo negativa na porção final carboxílica) que se ligam fortemente as proteínas, lipídeos e ceramidas do extrato córneo, promovendo a limpeza, mas também desnaturando enzimas e desestruturando a organização do extrato córneo, alterando, portanto, a função barreira e aumentando a peeda de água transepidermal.

As propriedades que fazem os sabões ótimos agentes de limpeza são as mesmas que podem desidratar e sensibilizar a pele, portanto, quanto maior o poder de limpeza, maior será seu potencial de irritação cutânea.

Resíduo na pele pós enxague

Há muito questionamento sobre o real depósito de sabonete saponificado ou syndet após o enxague, e por isso vale a pena inserir dermocosméticos e medicamentos nessa forma farmacêutica.

Freedman Marcel (2016) cita que há sim uma disposição residual mesmo após o enxague e ela é diferente conforme o tensoativo utilizado.

Esse resultado corrobora os dados da tabela 2 que mostra que os sabonetes oriundos do processo de saponificação (tabela 2 representado pelo sabonete de cocoato de sódio e na tabela 3 representado pelo sabonete sódico), possuem tensoaticos mais agressivos não somente pelo seu potencial de limpeza, mas também pelo maior potencial de depósito.

A questão do pH

Não somente quando a intenção é inserir insumos ácidos nas barras de limpeza que devemos nos atentar a questão do pH nessa forma farmacêutica

Tanto a organização, quanto o metabolismo lipídeo de estrato corneo são regulados por enzimas ácidas dependentes. Uma modificação nesse processo, contribui para uma alteração na função barreira como ocorre na dermatite atópica e psoríase (Korting H. G. 2005)

A principal responsável pela acidificação do pH cutâneo é a filagrina. Essa proteína é produzida como profilagrina do estrato granuloso e já no estrato córneo a filagrina é clivada a ácido urocânico e ácido 2 – pirrolidone -5 carbonxílico. Uma mutação no gen que codifica a filagrina, leva a alterações estruturais funcionais dessa enzima, o que a leva a um aumento do pH na superfície atrapalhando a homeostase cutânea.

Mutações do gen que codificam a síntese de filagrina estão correlacionados a algumas doenças dermatológicas como a dermatite atópica e a ectiose (Jungersted et al 2010; Kezia s.et al, 2012; Winge M. C. et al 2011; Gruber R. et al 2011).

Há cinquenta anos surgiram as primeiras evidências da alteração do pH da pele em pacientes com dermatite atópica. Schnyder em 1977 observou que 83% dos pacientes com dermatite atópica possuíam pH cutâneo mais alto quando comparado a 17% de pacientes eudérmicos, em 1995 o mesmo pesquisador observou que o pH das áreas afetadas é maior e Sparavigna et al em 1999 relatou que o aumento do pH é progressivo na área perilesional.

De maneira semelhante é observado o aumento do pH da pele de pacientes com ectiose. Sendo o pH maior na ectiose vulgar seguida da forma autossemica dominante e recessiva.

Em peles normais, ao se utilizar um sabonete saponificado, mesmo após o enxague imediato ocorre um aumento transitório do pH da pele em 3 unidades, e após três horas esse pH ainda não retorna ao normal (Ggatter R et al 1997; Mücke M. et al, 1993)

Por isso é imprescindível escolher o cuidado e conhecimento ao escolher um agente de limpeza para peles atópicas, com etciose ou outras condições cutâneas, levando em consideração a suavidade e pH do produto.

Mukhopadhyay P. Cleansers and their role in various dermatological disorders. Indian J Dermatol 2011;56:2-6  

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