“Para entender se pode e qual a técnica mais segura de remoção de pelos para quem sofre dessa condição, precisamos entender como e por que ela ocorre”, explica a farmacêutica Karina Soeiro na coluna desta semana
Sabe aquela manchinha chata na pele quando você olha no espelho? Você trata e ela volta, o verão chega e ela piora… Sol? Nem pensar… Mas e depilação, Karina, será que posso depilar o rosto, seja o buço ou sobrancelha, mesmo tendo melasma?
Bom, para entender se pode e qual a técnica mais segura de remoção de pelos para quem sofre dessa condição, precisamos entender como e por que ela ocorre.
O que é melasma?
Melasma é uma condição de pele, em que ocorre o excesso de produção de melanina, um pigmento de cor acastanhada, produzido por uma célula da nossa pele chamada melanócito. A função da melanina é a proteção. Ela atua como um “filtro solar” natural que evita, ou ao menos diminui, o impacto da radiação ultravioleta do sol nas células cutâneas, prevenindo assim o desenvolvimento de um câncer de pele.
Todas as vezes que nos expomos ao sol, ocorre um estímulo para a produção de mais melanina, impedindo alterações no DNA das células e o desenvolvimento de câncer de pele. O bronzeado é isso: mais melanina para que haja uma maior proteção.
O melanócito é uma célula muito reativa. Eu costumo brincar nas aulas que eu ministro, que se o melanócito tivesse um signo, ele seria escorpião (eu também sou escorpião, então nada contra a fama de vingativo do oitavo signo do zodíaco), principalmente nos pacientes com tendência a desenvolverem melasma. Todo e qualquer estímulo a essas células, elas reagem produzindo mais e mais melanina.
A exposição ao sol, mas não somente ela, o calor de baixo do guarda-sol, do fogão, dentro do carro, anticoncepcional, uso de determinados cosméticos e tudo que possa de alguma maneira agredir e inflamar essa pele, irá fazer com que o melanócito produza mais e mais melanina.
Mas e a depilação, estimula a produção de melanina e pode piorar o melasma?
Sim. A cera quente é sem dúvida a pior opção de todas, pois ela estimula tanto pelo calor, quanto pela agressão ao puxar a cera e também ao retirar o pelo do folículo, a produção de melanina pelo melanócito. A cera fria não expõe ao estimulo térmico, um ponto ao seu favor, mas ainda assim pode piorar o melasma.
Então, para quem tem melasma, a maneira mais segura de depilar sem agredir a pele é com linha e pinça?
Sim e não. Se tivermos que eleger um método “menos pior” de remover os pelos, sem dúvida nenhuma a linha e pinça são as melhores opções, mas ainda assim podem piorar o melasma. O simples fato de retirar o pelo do folículo, mesmo que sem agredir a pele, gera uma inflamação que estimula a produção de melanina e também é a responsável pela famosa foliculite pós depilatória – aquelas “bolinhas” vermelhas danadas que aparecem em algumas pessoas após a depilação.
Karina, o que eu faço, vou ter que escolher entre ter melasma ou pelos?
Calma! Precisamos achar uma solução, não é mesmo? Em algumas regiões da face, os pelos incomodam bastante, eu sei, e já que para algumas pessoas a depilação é inevitável, vamos escolher a maneira mais inteligente e somar a ela estratégias para diminuir o impacto da remoção do pelo no estímulo da produção de melanina.
Sem dúvida nenhuma, entre todas as técnicas de depilação, a escolha deve ser a remoção de pelos com linha ou com o auxílio de uma pinça, evitando assim a agressão gerada pelo contato e retirada da cera. Ainda assim, pode ocorrer uma piora do melasma por conta do estimulo inflamatório relacionado a extração do pelo do folículo. E se existe uma verdade inquestionável é que pele inflamada vai ficar mais manchada!
Mas para tudo existe uma solução não é mesmo? E aqui não seria diferente: a suplementação com antioxidantes e ômega 3, somada à utilização de um creme anti-inflamatório três dias antes -no dia- e três dias depois da depilação, ajudam a modular essa inflamação e reduzem substancialmente o estímulo na produção de melanina. Consequentemente, reuduzem, também, a piora do melasma.
Ah… mais uma vez: conhecimento é tudo, né, pessoal? Contem comigo!